O Salto de Fé
12 de agosto de 2020O Salto de fé é uma expressão que nos dias de hoje ficou conhecida de um público mais jovem, pois o termo está associado a série de jogos Assassin´s Creed. No game, o personagem Altair (do primeiro jogo, nos outros ele tem outros nomes) dá um salto de uma estrutura rumo ao chão, sem nenhum tipo de proteção. No entanto, este termo foi cunhado bem antes do game de sucesso da Ubisoft e possui um sentido muito mais profundo.
Um Salto de fé não é uma passagem, pois não é gradual ou feito de forma suave, serena. É salto, pois é ruptura de uma postura anterior perante a vida para outra completamente diferente.
Na filosofia de Sören Kierkegaard, é uma ruptura do estádio(é estádio mesmo) ético para o estádio religioso da existência.
O homem que se encontra no estádio ético em determinado momento se depara com a consciência da sua finitude, da certeza da morte. Essa nova postura existencial, fruto da auto-análise, culmina em um salto para um outro estádio da existência, o estádio religioso.
Kierkegaard defendia que esse pulo para o estádio religioso é um verdadeiro “salto no escuro”, pois não apresenta nenhuma garantia racional para o indivíduo, mas por isso mesmo é sua salvação.
O Salto de fé coloca o indivíduo em relação direta com o Absoluto (comprometimento com Deus) e causa um rompimento entre ele e o geral (a sociedade e suas regras), realizando assim a exceção.
Antes e Depois
O indivíduo que deu o Salto da fé, que se tornou exceção, não procura conciliar inconciliáveis (Deus e o Mundo) e está disposto a sacrificar tudo por Deus, tal como ocorrera com Abraão, o Cavaleiro da Fé, em relação a seu filho, Isaac.
Na história de Jonas, na “Bíblia”, ele se joga ao mar como se se entregasse totalmente à missão de Deus, e se coloca nos braços das ondas sem pestanejar para salvar todos do barco, um Salto de Fé!
O homem do estádio religioso viverá a angústia de Abraão e seu testemunho será doloroso. Para Kierkegaard ser cristão é sofrer por amor a Deus, é ser perseguido, incompreendido, é estar apartado da multidão. Segundo o filósofo dinamarquês, comete um erro muito grande quem procura o cristianismo para fugir do sofrimento, do calvário. Esse vive um falso cristianismo. É o cristianismo dos rituais externos e não do grande acontecimento íntimo que muda completamente a existência.
Com o Salto da fé o indivíduo se torna exceção e terá assumido seu destino perante Deus.
Fonte: Wikipedia, https://www.ianborges.com.br, https://www.eusemfronteiras.com.br
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